Páginas

Meus Textos


Loucura













Estava sentada, esperando a vida passar, vendo o movimento dos carros, as pessoas andando, rindo, conversando, correndo para mais um dia de trabalho, ou correndo por necessidade de fazer uma atividade física. A vida continuava e eu estava ali parada esperando... Não me pergunte o que eu estava fazendo ali ou o que me fez ir até ali. Não sei como lhe responder! Também não entendia o que estava acontecendo de fato...

      Me lembrava de quando era criança... Tinha uns 5 anos, estava com meu pai, fomos comprar sorvete, ele pegou um de chocolate, para minha mãe. O dele era de creme e o meu era um picolé em formato de coração, ele tinha sabor de iogurte de morango... Tomamos os sorvetes, olhando o movimento da rua... Minha mãe era uma mulher bonita, de olhos verdes, um cabelo comprido e loiro, completamente cacheado, seu sorriso era sincero e acolhedor, sua mão delicada segurava a de meu pai, o homem mais incrível que eu pude conhecer... Ele era alto, moreno, seus olhos eram cinzas como nuvens, ele parecia um modelo, perfeito e charmoso. Eu era uma criança como qualquer outra, tinha energia de sobra...

     Assim que havíamos terminado de tomar o sorvete, nós fomos em direção do carro, mas antes que pudéssemos chegar lá, eu corri, com o sinal ainda fechado para pedestres... Meus pais correram atrás de mim, mas então um caminhão os atropelou...
      Acredite, a vida pode não ser tão ruim quanto parece... Mas a vida segue! Temos que aprender a nos portar de acordo com o que a sociedade acha certo, mas nunca consegui entender o porquê das pessoas não aceitarem as escolhas de seus semelhantes... Estamos sempre julgando as ações alheias, não aceitamos se uma pessoa gosta de vermelho quando gostamos de preto... Há sempre uma implicância de uma das partes.
       Aprendi que devemos nos respeitar, todos nós temos defeitos e qualidades, e, todos nós somos animais. Acho que Deus não deixa de nos amar por sermos brancos, negros, amarelos, pardos, azuis, vermelhos, roxos, nem por gostarmos de A ou de B... Deus nos deu o livre arbítrio para que possamos fazer nossa felicidade, nosso destino...
       Todos me julgaram... "Louca" diziam-me, me passei por demente, doente, louca, irresponsável, imatura, diziam-me o que eu era, o que eu devia ser ou não... Fizeram-me ir a psicólogos que me disseram que era um tipo de depressão, trauma, ódio, revolta porque meus pais haviam me "deixado" muito cedo, ou também, porque, um homem havia abusado de mim quando eu era menor de idade...
      Hoje é meu aniversário de 18 anos... E eu acabo de fugir do hospício, de minha, dita, "família" e de mim... Pois agora não sei mais se vivo, se quero, se amo, se sonho, se devo, se sou, se estou... Eu me perdi...

Um comentário: